"Respire, respire. Conte até dez, até vinte talvez.
Daqui a pouco ele vai começar a se transformar em outra coisa,
o momento presente. Qualquer coisa inteiramente imprevisível?
Você não sabe, eu não sei, ele não sabe: os momentos presentes não têm o controle sobre si mesmos.
Se o telefone tocar, atenda. Se a campainha chamar, abra a porta.
Quando estiver desocupado outra vez, procure-o novamente com os olhos.
Ele já não estará lá. Haverá outro em seu lugar.
E então, como a um bebê ou a um cristal, tome-o nas mãos com muito cuidado.
Ele pode quebrar, o momento presente. Experimente então dizer “eu te amo”.
Ou qualquer coisa assim...para ninguém."
(Caio Fernando Abreu)